17 março 2010
Utopia
Oi, meu bem. Foi assim nosso reencontro. Me pergunto por quanto tempo fiquei parada olhando pra você, pra ter certeza do que estava diante dos meus olhos, tanto tempo se passou que nem se equipara ao que fiquei aqui no canto, olhando pra seu jeito superior de olhar o mundo, como o de quem entende tudo. As pessoas têm medo disso em você, eu também tinha, pois sabia que assim você sempre conseguia me ler, e talvez por isso fiquei tanto tempo aqui, te olhando de longe. Lembrei dos óculos, ótimo para esconder isso tudo que você sempre teve, um brilho de uma tempestade noturna, mas que numa ventania se afastou léguas. Me aproximei, e com certo receio te chamei da forma como sempre quis que você fosse. Meu. Bem! Você sorriu, e como dois amigos cordiais falamos trivialidades, enquanto na minha cabeça um turbilhão de coisas se passava, enquanto olhava para o piscar dos seus cílios e a sincronicidade da sua boca. Meu deus, como você me encanta. Não prestei muita atenção nas palavras soltas. Você parou de falar e tentou me olhar no olhos. Era hora de ir embora. Preciso ir, acho que vai chover, se agasalha bem a noite, toma um chá e se não for muito impertinente de minha parte, gostaria que você não esquece desse dia. E segui. Sem olhar pra trás, pra não deixar pedaços de mim. O amor dói vezenquando.
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