17 setembro 2009

Amuo

Me omito, enquanto tu, desenfreadamente, tentas fazer um discurso rápido em tua cabeça. não te olho, deixo que tu continues a soltar verdades sintéticas, previamente escolhidas. maldita data, que não me esqueço, pudera eu tirar um cigarro do bolso e me fazer de desacreditada em tudo que tua boca, que me seduz mais que tuas palavras, me diz. poderia passá-lo entre os dedos, pensando em roe-los mais tarde quando parasse em frente de um boteco qualquer da vida. desses que sempre tem uma música brega o suficiente para encaixar-se em algum momento de nossas vidas. mas, não, mantive-me calada, e parece que te supreendi, como animal que desiste da sua presa, eu desisti. não ouso mal dizer teu nome, mas também evito dizê-lo. o tempo vai passando, e te ver por acaso ainda me esfria a espinha, e me lembro do cigarro que nunca peguei no bolso, das unhas que nunca roi. e nem vou, pois tu não mereces meu esforço em me auto-destruir.

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