06 janeiro 2008

Desatinos

Te amar e ter que o cupar lugar indigno de ser humano
Rastejar por qualquer resquício da tua atenção
Engolir a seco sua ausência comedida
Colocar teu retrato numa moldura velha
e jogar no porão úmido e sujo do meu coração
Ver escorrer do meu peito o mais amargo fel do amor
Amor sem medida, desordenado, incerto
Que me contraria por tanto me dedicar
E por tal me causa repugnância
Abrir mão da minha vida pela tua
E através dos teus olhos desvendar tuas loucuras
Me jogar no teu mundo
Esquecer do meu e me tornar imundo
Mas olhando o teu sorriso mudo, descubro que nele
Só nele sinto o não sentir de mim
Só nele sinto a mais paradoxal das emoções
Amar, atraída pelo teu mais vil poder
O de me encantar, e como o faz...

(Lai Bellarmino-2008)

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