Andaria muito provavelmente sem razão, procuraria no fundo do bolso esquecido aquele resto de cigarro, amarrotado pelo tempo e andaria; andaria incansavelmente, sem destino aparente. Até parar a tua porta, suado, cansado, sujo, mas ainda presente, marcante e sentido.
Sobraria na boca o gosto adormecido do café das madrugadas, das extensas insônias, o sabor do cigarro velho, e a antiga frase repetida durante toda a caminhada, quase como um mantra: -Eu ainda te amo, eu ainda te amo, eu ainda...eu...
Pensaria duas vezes antes de bater, tentaria arrumar a aparência desgastada pelo tempo, pigarrearia a voz para não falhar e bateria à porta, sim, bateria! Por quê, não?! Ora, não o faltava coragem para isso!
Falta era amor pela outra parte.
Abaixou a cabeça, riu de si mesmo, e seguiu para o boteco mais próximo.
Precisaria de mais café e cigarros agora.